Capítulo 43 — A Casa Silenciosa
O vento amanhecia leve naquele dia — leve demais, como se o tempo tivesse esquecido o peso das horas.
O sol se filtrava pelas janelas e fazia as cortinas dançarem, como se alguém invisível passasse os dedos por elas.
Rafael já se acostumara a esse tipo de silêncio: o silêncio que não é vazio, mas presença disfarçada.
Os anos haviam se acumulado, mas não em ruínas — em memórias.
O cabelo branco o tornara mais sereno, e as rugas no rosto eram mais mapas que marcas.
A vida tinha lhe dado o que ele nunca esperou receber depois dela: outra chance de amar.
Helena chegou como uma estação tardia.
Não trouxe tempestade, mas colheita.
Com ela, Rafael aprendeu que o amor pode ser manso, e que o calor não precisa queimar para ser verdadeiro.
Eles criaram dois filhos, viram o mar mudar de cor muitas vezes, e envelheceram devagar — como as ondas que continuam batendo na areia mesmo depois que a lua se apaga.
Helena sabia que havia um nome que ele