Dois meses haviam se passado.
O inverno no Canadá começava a se despedir, mas a paisagem ainda exibia resquícios de neve sobre os telhados e calçadas. As árvores permaneciam nuas, mas a promessa da primavera já se insinuava no cheiro do ar, nos dias que amanheciam mais cedo e nos primeiros brotos que se atreviam a nascer.
Sophia caminhava devagar pela calçada em frente ao consultório obstétrico, com uma das mãos sobre a barriga que agora se pronunciava com orgulho e beleza. Vestia um sobretudo bege, botas de cano alto e uma touca de tricô que Sílvia havia feito para ela. Os cabelos pretos estavam presos em um coque frouxo, e o rosto… carregava um brilho novo.
Era o dia da ultrassonografia morfológica. O dia em que descobriria o sexo do bebê.
Ao seu lado, Sílvia andava com a expressão serena, mas os dedos apertavam com nervosismo a alça da bolsa. Ela também estava ansiosa, talvez mais do que gostaria de admitir. Desde que Sophia chegara, era como se uma parte adormecida dela tivesse vo