A manhã amanheceu vestida de cinza.
Não era apenas o céu que carregava nuvens pesadas, era o dia inteiro, o ar, a alma de Sophia. Pela janela do quarto, ela observava as árvores balançando suavemente, as folhas molhadas pelo sereno da madrugada. O mundo parecia se mover em câmera lenta, como se a cidade inteira soubesse que, naquela casa, havia uma despedida doída acontecendo.
As malas já estavam prontas. Encostadas no canto do quarto, como sentinelas silenciosas da nova vida que começaria a partir daquela manhã. Cada zíper fechado havia sido um corte. Cada dobra de roupa, uma despedida. Dentro da mala maior, uma manta que Blanca havia colocado com tanto cuidado. Um gesto simples, mas carregado de um amor que beirava o desespero.
Blanca, por sua vez, caminhava em silêncio pela casa. Seus gestos eram mecânicos e automáticos. Arrumava a mesa do café da manhã como quem tenta manter o equilíbrio diante de um terremoto. O pano de prato havia sido dobrado e desdobrado quatro vezes. Era como