Os dias seguintes passaram como uma névoa densa e silenciosa.
Sophia andava pela casa em passos contidos, como quem tentava memorizar cada detalhe antes da partida. Os livros que gostava de empilhar ao lado da cama estavam agora organizados em uma caixa. As roupas, dobradas com cuidado. Fotos antigas, recortes, bilhetes de Hanna… tudo embalado em silêncio.
A mala estava quase pronta. Faltava pouco.
Doía.
Muito mais do que esperava.
Naquela manhã, o céu parecia combinar com seu coração: cinza, nublado, pronto para chover. Blanca preparava o café na cozinha com movimentos lentos, enquanto Hanna assistia desenho com a testa franzida, como se já sentisse a mudança se aproximando mesmo sem saber.
Sophia vestia um suéter largo e calça jeans, os cabelos soltos. Quando ouviu a campainha, sentiu o estômago apertar. Abriu a porta e encontrou Amélia parada ali, com um sorriso hesitante e os olhos atentos.
— Você me chamou… e aqui estou — disse a amiga, entrando sem cerimônia, mas com respeito.
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