Quatro Dias Sem GiovanniQuatro dias, noventa e seis horas.Esse foi o tempo que se passou desde que Sophia deixou a suíte de Giovanni com a cabeça erguida e o coração sangrando em silêncio.Durante quatro dias, ele não a procurou. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nada!E mesmo que tivesse prometido a si mesma que não esperaria, que seguiria em frente com dignidade, a verdade era que todo amanhecer sem sinal dele a feria mais do que o anterior.Sophia não chorava.Mas havia uma tristeza silenciosa cravada em seus olhos, como se cada sorriso contido, cada silêncio prolongado, fosse uma prece muda para suportar a ausência dele.Sua rotina começava cedo.Todos os dias, às 6h30, ela estava de pé. Vestia o uniforme simples da lavanderia comunitária onde trabalhava, prendia os cabelos em um coque desajeitado e preparava um café rápido antes de despertar Hanna.Na lavanderia, os dias passavam entre vapor, cestos de roupas e cheiros misturados de sabão e amaciante. A cada camisa dobrada, a
A noite caía sobre Xangai com a grandiosidade insone de uma cidade que não conhece o silêncio. Arranha-céus tocavam as estrelas como dentes afiados, cortando o céu com sua ambição, e o rio Huangpu espelhava as luzes de neon em cores que pareciam saídas de um delírio. Tudo vibrava, tudo pulsava, tudo oferecia prazer.Mas Giovanni Bianchi permanecia alheio.Sentado em uma área privativa do clube mais exclusivo da cidade, ele era uma estátua esculpida em arrogância e aço. O terno preto sob medida abraçava seu corpo como uma segunda pele. Os dois primeiros botões da camisa estavam abertos, revelando a linha do pescoço e o início de um peito que já arrancara suspiros de mulheres ao redor do mundo. Mas ali, naquele momento, não havia espaço para vaidade ou sedução.Giovanni estava frio. Imponente. Intocado.Ao seu lado, Liam brindava com dois empresários chineses, sorrindo com a leveza de quem sabia que acabava de fechar um acordo bilionário. O ambiente era um templo de excessos: paredes em
Fazia dois dias que Giovanni havia retornado de Xangai. Dois dias de silêncio absoluto, de ausência calculada, de um vazio que ele fingia não sentir enquanto a cidade se movia do lado de fora das janelas de vidro.E, ainda assim, ele não havia ligado para Sophia.No escritório envidraçado, o relógio marcava 10h47 quando Antonella entrou. Usava um vestido cinza de alfaiataria, o coque no alto da cabeça impecável, e os saltos faziam um som contido sobre o piso de mármore, mas nada nela era tranquilo naquele instante.Giovanni estava recostado na poltrona de couro, com as pernas cruzadas, um copo de café ao lado e um relatório sobre a mesa. Lia sobre uma fusão bancária com tédio visível no rosto. O terno preto abraçava seu corpo como uma segunda pele, os punhos da camisa branca dobrados até os antebraços, o colarinho desabotoado.— Antonella. — murmurou, sem levantar os olhos. — Veio me convencer a doar mais dinheiro para uma de suas causas emocionais?— Não. — ela respondeu, e havia alg
Sophia dobrava roupas na lavanderia com movimentos lentos, distraídos, tentando afogar o que doía dentro do peito entre o vapor morno e o cheiro de sabão. O trabalho ajudava. Ou, pelo menos, fingia que ajudava. Dava à mente algo para focar além da ausência dele. Além do silêncio ensurdecedor que Giovanni deixara quando desapareceu sem olhar para trás.Mas nada preenchia o espaço que ele havia ocupado com tanto domínio.A dobra da blusa escapou das mãos dela. O tecido escorregou até o chão, e ela sentiu o coração apertar. A imagem dele lhe vinha à mente em fragmentos involuntários. O som da voz dele. A forma como dizia “boa menina” com aquela gravidade que arrepiava a alma. O modo como sua presença tomava o ar ao redor. Giovanni não era só um homem, era um evento. Uma força. Um abismo ao qual ela tinha se lançado com os olhos bem abertos.Foram quatro dias. Quatro dias desde a última vez que o viu. Ela engoliu em seco, sentindo o calor da lembrança subir do ventre até a garganta.Estav
O carro fez uma curva suave e parou diante do que parecia a entrada de um hotel luxuoso. A fachada era imponente, com colunas altas e luzes quentes iluminando a entrada. Dois seguranças de terno estavam posicionados junto às portas douradas de vidro. O motorista desceu e abriu a porta traseira.— Senhorita Romano. — ele disse, com um leve aceno de cabeça.Sophia desceu com elegância contida, os saltos ecoando discretamente no mármore da calçada. O vestido esvoaçou levemente ao vento. Alguns olhares já se voltavam para ela, mas nenhum importava, apenas um. Ao entrar no hotel, foi conduzida por uma funcionária até o elevador, e dali ao andar superior, onde um salão amplo e requintado se estendia à sua frente. O evento estava em pleno andamento , champanhe fluía, música clássica preenchia o ambiente, homens de terno e mulheres em vestidos caríssimos trocavam sorrisos ensaiados e apertos de mão calculados.Mas Sophia não viu nada disso, porque seus olhos só procuravam por ele, até que o
O salão do hotel cinco estrelas pulsava com sorrisos treinados, taças erguidas, vestidos caros e alianças de interesses velados. Música clássica tocava ao fundo, mas o que realmente preenchia o ambiente eram os olhares calculados, os elogios venenosos e o teatro da alta sociedade.Sophia caminhava ao lado de Giovanni, sentindo-se deslocada naquele mundo onde tudo era tão brilhante por fora… e tão sombrio por dentro. Seu vestido vermelho de cetim abraçava suas curvas como uma armadura sensual. Ela estava linda. Mas por dentro, o coração batia como se pedisse socorro.Giovanni, ao contrário, estava impecável como sempre. Terno escuro, camisa branca aberta no colarinho, abotoaduras discretas. Cada passo dele exalava poder, cada gesto carregava autoridade. A mão dele segurava a dela com firmeza. Era quase uma algema invisível que ela não sabia se queria tirar.Ao se afastarem do grupo de políticos e investidores que o cercavam, ele puxou Sophia com ele por um corredor lateral do salão, em
Apartamento de Giovanni O som da porta sendo trancada reverberou pelo apartamento como um selo. Um aviso, um rito silencioso que selava o destino de Sophia naquela noite. Ela engoliu em seco, os olhos presos nas costas largas do homem que acabara de fechar a porta atrás deles. Giovanni, seu mestre, sua perdição o homem que amava. Ele não disse uma única palavra.As chaves caíram sobre a bancada com um estalo metálico, seguido por um silêncio quase palpável. O ar parecia denso, carregado por algo invisível. O peso da expectativa, da tensão, do castigo iminente.Sophia deu um passo hesitante, mas não teve tempo de completar o movimento. Giovanni virou-se como uma tempestade, os olhos azuis completamente obscurecidos pela sombra do ciúmes. Um instante depois, ela já estava em seus braços, ou melhor, em seu domínio.Ele a puxou com brutalidade contida pela cintura, e sua boca colidiu com a dela em um beijo que não era afeição, mas posse. Seu domínio era incisivo, o beijo, violento. A lí
A porta pesada do The Black Room se fechou atrás deles, selando Sophia em um mundo que não lhe pertencia, mas que, de alguma forma, parecia ter sido feito para ela.Seu coração batia frenético contra o peito, não por medo, mas pela promessa do desconhecido. O ar era carregado, denso com uma eletricidade que parecia vibrar em sintonia com seu próprio corpo. O perfume amadeirado de Giovanni envolvia seus sentidos, um lembrete constante da presença dominante dele, enquanto sua mão firme a guiava com precisão, pressionando a base de suas costas nuas.Ela sentia o calor dele, a força silenciosa que exalava de cada movimento, de cada toque, de cada palavra não dita.— Confie em mim, Sophia. — A voz dele veio baixa, um sussurro grave que reverberou por sua espinha como uma promessa perigosa.Ela engoliu em seco, seus dedos tremendo levemente, mas não recuou. Porque, apesar do desconhecido, apesar da tensão quase insuportável entre eles, ela queria aquilo.O quarto era um santuário de control