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Capítulo 4 – A Mentira Que Doeu

Era quase noite quando Laura decidiu ir até o apartamento de Apollo.

Ela já havia ensaiado o que diria dezenas de vezes: que sentia falta dele, que não entendia seu silêncio, que só queria ouvir a verdade — mesmo que doesse. Mas nada a preparou para o que realmente encontrou.

Apollo abriu a porta com o rosto sério, os olhos cansados. O mesmo homem que, dias atrás, havia confessado querer beijá-la, agora parecia distante, fechado, como se vestisse uma armadura.

— Oi — ela disse, nervosa. — A gente precisa conversar.

— Acho que não tem mais o que conversar, Laura.

Ela travou.

— Como assim?

Ele desviou o olhar, cruzando os braços como se aquilo fosse protegê-lo da dor que estava prestes a causar — ou, talvez, para esconder a verdade que ardia dentro dele.

— Eu pensei melhor sobre tudo. Sobre nós. E percebi que… foi um erro. Aquela conversa no telhado, o jantar… não era real. Eu confundi as coisas. A gente é amigo, só isso.

Laura ficou em silêncio por alguns segundos, tentando entender se aquilo era um pesadelo.

— Está dizendo que… tudo foi uma mentira?

— Foi. — Ele respondeu seco, rápido demais. Rápido o suficiente para parecer uma fuga.

— Então, quando me olhou daquele jeito? Quando disse que queria me beijar? — A voz dela falhava. — Isso também era mentira?

Apollo hesitou. Só por um segundo. Mas foi o suficiente para ela perceber a verdade por trás da mentira.

— Sim. — Ele mentiu de novo. Cruelmente.

Laura sentiu algo se partir dentro do peito. Como se anos de laços, memórias e afeto tivessem sido rasgados em segundos.

— Entendi… — ela murmurou, os olhos marejados. — Você sabe, se fosse só medo, eu entenderia. Mas mentira, Apollo? Isso… isso destrói tudo.

Ela virou as costas antes que ele pudesse ver as lágrimas caírem.

E Apollo? Ficou parado na porta, estático, sufocando a vontade desesperada de correr atrás dela e dizer que estava mentindo. Que a amava. Que estava morrendo de medo de perdê-la… e agora talvez tivesse conseguido exatamente isso.

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Laura andou sem rumo por algumas quadras, engolindo o choro. Seu corpo tremia, e a dor parecia crescer a cada passo. Até que, sem pensar, puxou o celular e ligou para o único número que lhe veio à cabeça.

— Alô?

— Davi… você pode me encontrar?

A voz dela quebrou, e ele entendeu imediatamente.

— Claro. Me diz onde você tá.

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Sentados no banco de uma praça, Davi a ouviu em silêncio. Laura falava pouco, mas o suficiente para ele entender que alguém havia pisado fundo em seu coração.

— Ele mentiu pra mim, Davi. Disse que tudo o que aconteceu… era confusão. Que não sentia nada.

Davi passou o braço ao redor dos ombros dela, a puxando para perto com cuidado.

— Então ele é um idiota. Porque eu teria dado tudo pra ser o homem que você amasse desse jeito.

Laura suspirou, cansada.

Ela não queria beijos. Nem promessas.

Ela só queria paz.

E, naquele momento, no meio do caos, Davi oferecia exatamente isso: presença.

Mas mesmo ali, com o abraço quente e o apoio sincero, o nome que ainda doía era o mesmo.

Apollo.

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