Os dias que se seguiram à morte da mãe de Helena foram lentos. Como se o tempo decidisse respeitar seu luto, arrastando-se em silêncio, cobrindo tudo com uma névoa cinzenta.
Helena andava pela casa como uma sombra dela mesma — tomava café sem perceber o gosto, esquecia compromissos, evitava os olhares longos no espelho. O mundo parecia continuar girando, mas ela não girava com ele.
Rafael, no entanto, não saiu do seu lado.
Ele não invadiu seu luto com frases prontas ou tentativas de consertar o que não tinha conserto. Ele simplesmente esteve. Trouxe sopa quente quando ela se recusava a comer. Lavou a louça quando ela não conseguia sair do sofá. Sentou-se em silêncio ao lado dela e ficou ali, enquanto ela chorava ou simplesmente… não dizia nada.
Numa tarde chuvosa, ele apareceu com um buquê de flores do campo — as mesmas que a mãe de Helena gostava de plantar quando ainda tinha forças para cuidar do jardim.
— Achei que elas mereciam estar aqui — ele disse, colocando o arranjo no parape