O relógio marcava 11h17 da manhã quando Clara entrou na sala dos médicos, com uma expressão mais tensa que o habitual.
— Rafael — chamou, hesitante. — Tem alguém na recepção querendo falar com você.Ele franziu o cenho, os olhos ainda cansados da noite mal dormida.— Paciente?— Não — ela hesitou. — É sua mãe.Por um momento, Rafael achou que havia ouvido errado. Mas o nome ecoou em sua mente como um soco.Sua mãe.A mulher que não via há anos. A mulher que o sepultou com o mesmo vestido preto que usou no enterro de Liam.A garganta de Rafael secou. O estômago se revolveu.— Manda ela entrar — ele disse, surpreendendo até a si mesmo.Ela apareceu minutos depois, usando um casaco escuro, os cabelos bem presos, o rosto severo como ele lembrava. Só que havia mais rugas agora. Mais amargura nos olhos.— Rafael — ela disse, como se fosse uma palavra difícil de pronunciar.— Mãe.