Capítulo 27

O relógio marcava 11h17 da manhã quando Clara entrou na sala dos médicos, com uma expressão mais tensa que o habitual.

— Rafael — chamou, hesitante. — Tem alguém na recepção querendo falar com você.

Ele franziu o cenho, os olhos ainda cansados da noite mal dormida.

— Paciente?

— Não — ela hesitou. — É sua mãe.

Por um momento, Rafael achou que havia ouvido errado. Mas o nome ecoou em sua mente como um soco.

Sua mãe.

A mulher que não via há anos. A mulher que o sepultou com o mesmo vestido preto que usou no enterro de Liam.

A garganta de Rafael secou. O estômago se revolveu.

— Manda ela entrar — ele disse, surpreendendo até a si mesmo.

Ela apareceu minutos depois, usando um casaco escuro, os cabelos bem presos, o rosto severo como ele lembrava. Só que havia mais rugas agora. Mais amargura nos olhos.

— Rafael — ela disse, como se fosse uma palavra difícil de pronunciar.

— Mãe.
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