O hospital seguia seu ritmo frio e impessoal, como se nada tivesse acontecido.
Mas para Helena e Rafael, cada passo, cada olhar evitado, parecia pesar toneladas.
Helena estava sentada no terraço dos fundos, o jaleco jogado ao lado, a cabeça apoiada nos joelhos.
O céu noturno parecia pesado, tão pesado quanto seu peito.
Ela pensava em tudo que havia dito — e em tudo que ficou entalado.
Eles nunca tinham sido nada além de colegas. Nunca tinham cruzado aquela linha invisível.
Mas bastava estar no mesmo ambiente para que a tensão entre eles fosse quase sufocante.
Desejo, ressentimento, admiração... uma mistura tóxica que nem o tempo, nem a dor tinham conseguido dissolver.
E ainda assim, lá estava ela — se doendo por alguém que nunca lhe pertenceu.
Helena soltou uma risada seca.
Talvez esse fosse seu erro desde o começo: esperar demais de quem sempre se manteve distante.
Rafael caminhava sozinho pelos c