Volto para o quarto do hotel assim que termino minha conversa com os Gambino.

Estou hospedado em um dos hotéis de Alexander.

Terei que ficar em Nova York esta noite, queria voltar para Chicago ainda hoje.

Mas não vou. Ainda tenho um assunto importante para resolver.

Mortana.

Pego o celular. Faço o mesmo que venho fazendo há dias.

Tiro a gravata com pressa. Abro os botões da camisa que me sufoca. O celular chama pela terceira vez. E nada.

Ela não atende.

Já entendi o padrão. Se eu não procuro, ela não procura. Se eu não ligo, ela desaparece. Parece não dever nada a ninguém, como se o mundo inteiro não tentasse nos engolir.

Finalmente, a ligação conecta.

— Oi — a voz dela vem baixa, levemente rouca, acabando de acordar… ou de chorar.

— Demorou — tento manter o controle.

— Eu estava no banho. Me desculpa…

Fecho os olhos.

E, como nas últimas noites, imagino.

Seu corpo nu, escorregado pela água quente. Os cabelos grudados no pescoço. A pele arrepiada. O olhar que me implora e me desafia ao