Uma mensagem de Caio vibra no meu celular, cortando o ritmo ensurdecedor da música eletrônica que pulsa pelas paredes da boate.
Harumi está em casa.
O aviso é curto, direto. Ele também registrou a hora exata em que ela saiu.
Caio não é segurança oficial, mas enxerga onde as câmeras não alcançam. Vê o que os outros fingem não ver.
E, ultimamente, minha paz depende disso. Dos olhos dele.
Não posso deixá-la solta por aí achando que o mundo é seguro. Porque não é.
E, francamente, não confio em ninguém que se aproxime dela.
Nem mesmo em mim.
Respiro fundo e passo a mão pelos cabelos, bagunçando o penteado que fiz. Não me importo com isso, e nem com nada mais. Na verdade, quando o assunto é Harumi, eu me sinto perdido e preocupado demais.
Essa desculpa de que faço isso em troca do que ela fez por mim está me levando a lugares perigosos. E, pior, ela ocupa cada um desses lugares na minha cabeça.
Talvez eu tenha me acostumado com aquele porão abafado... e com a presença dela, que não deveria