Assim que entrei no consultório, vi a doutora Juliana se levantar de trás da mesa.
Ela sorriu — um gesto gentil, mas contido, como quem já sabia que nenhuma palavra inicial apagaria o que viria a seguir.
— Harumi, Maíra… é bom vê-las novamente. — A voz dela era firme. — Por favor, sente-se. Vocês querem um café, uma água?
— Não, obrigada. — Puxei a poltrona e me sentei.
— Eu só preciso saber se ela está bem — pontuou Maira, fechando a porta em silêncio e se acomodando na poltrona ao meu lado.
Ela sabia que eu precisava dela ali, mesmo que eu não dissesse uma palavra.
Apertei os dedos trançados no colo, tentando parecer no controle. Mas o frio nas mãos me entregava.
Lembranças da manhã em que me forçaram a fazer aquele aborto tentam tomar conta da minha mente, mas eu as empurro para o fundo. Ainda não era hora de voltar lá.
Dra. Juliana voltou ao lugar dela, pegou uma pasta com papéis e demorou alguns segundos olhando para o conteúdo antes de levantar os olhos para mim.
— Eu revisei to