— Você está bem?
Harumi estava agachada junto à porta do quarto, os joelhos quase tocando o chão. Os cabelos negros caíam como uma cortina ao redor do rosto, escondendo suas expressões.
Estava recolhendo, com dedos cuidadosos, os cacos espalhados de um vaso de porcelana quebrado.
Observei seus movimentos. Havia uma delicadeza tensa em seus gestos. Cada toque nos fragmentos parecia uma súplica silenciosa para não ser repreendida.
— Esbarrei sem querer.
Aproximei-me devagar, sem fazer movimentos bruscos. Afastei a mesinha lateral com o pé, e me abaixei ao lado dela.
— Deixe isso.
Ela hesita.
Levanta os olhos na minha direção, como se buscando algo.
Um traço vermelho na ponta de um dos dedos chamou minha atenção. Era um corte pequeno, quase imperceptível, mas suficiente para manchar o vidro com um fio fino de sangue.
Sem dizer nada, tomei os cacos de sua mão e empurrei os outros para o canto, longe dos pés descalços dela.
— Você não precisa limpar nada.
Ela ainda segurava um pedaço ma