Capítulo 19
Há um tempo para segurar e um tempo para deixar ir. Não confunda um com o outro.
O som da lixadeira ecoava pela estrutura antiga do casarão, misturando-se ao cheiro de madeira desgastada e verniz fresco. O trabalho seguia num ritmo exigente, mas constante. Era como se o casarão soubesse, de alguma forma, que algo nele também precisava ser curado. E eu entendia isso, às vezes, as feridas das paredes contavam histórias parecidas com as que a gente carrega no peito.
A equipe de restauração caminhava de um lado para o outro, supervisionada por mim e acompanhada por engenheiros e arquitetos que vinham e iam conforme o cronograma. Nos últimos dias, André havia reaparecido com frequência, sempre com a prancheta em mãos e um tom profissional no rosto. Não havia mais espaço para discussões pessoais, ao menos na superfície.
Mas estar perto dele era como andar por um campo minado. Cada frase trocada, mesmo breve e objetiva, carregava um subtexto que só nós dois compreendíamos. E, tal