Capítulo 49
O outono chegou como um suspiro demorado sobre as montanhas de Ouro Preto, e eu aprendi a amar as folhas que caíam como se fossem lembretes brandos de que o tempo anda mesmo quando a gente se perde um pouco no meio do caminho.
Era fim de tarde quando voltamos da feira da cidade com sacolas de pano cheias de queijos, frutas e um arranjo de flores silvestres que Miguel insistiu em escolher comigo. Ele disse que a casa precisava sorrir. E eu percebi que era isso mesmo que estávamos construindo: um lugar onde a vida sorria de volta pra gente.
— A gente pode fazer aquela massa que você aprendeu com sua avó — ele sugeriu, com um dos braços apoiando as sacolas e o outro passando por meus ombros. — E depois abrir um vinho... que tal?
Sorri, inclinando o rosto para o lado, com aquele carinho silencioso que já não precisava de palavras.
— Só se você cortar as cebolas — provoquei.
— Combinado. Mas só se você ficar por perto, senão vou chorar mais do que o normal.
Rimos juntos, e mesm