CAPÍTULO 14
“Eu só queria silêncio… mas o mundo sempre encontra um jeito de gritar.”
O céu estava nublado desde a madrugada, e a manhã amanheceu com uma luz esbranquiçada, fria, como se o tempo tivesse parado em algum ponto entre o ontem e o agora. Meus olhos estavam pesados, não de sono, mas de uma inquietação que eu não sabia nomear. Talvez fosse o peso de estar começando a sentir demais. Ou o medo de perder aquilo que ainda nem era meu.
Miguel apareceu mais cedo do que de costume. Não sorriu, não disse nada. Apenas me entregou uma xícara de café e sentou ao meu lado nos degraus da varanda. Por alguns minutos, dividimos o silêncio como quem divide um cobertor em manhãs frias: sem pressa, sem perguntas.
— Dormiu bem? — ele perguntou, enfim, a voz baixa e arrastada.
— Na medida do possível. — respondi, virando o rosto para encará-lo. — E você?
Ele hesitou antes de responder.
— Tive um sonho estranho… era com você.
A forma como ele disse aquilo fez meu coração falhar uma batida. Não fo