CAPÍTULO 15
"Eu me pergunto quantas vezes podemos nascer de novo na mesma vida.”
Acordei com uma sensação estranha no peito, como se tivesse esquecido algo importante no meio do caminho. O sol ainda nem havia despontado no céu, mas meus pensamentos já corriam em círculos, inquietos. Vesti um casaco leve e saí pela porta dos fundos, deixando o som dos grilos e do vento me guiar até o casarão adormecido.
A madrugada era silenciosa e espessa. Andar por aquele quintal úmido de orvalho me fazia lembrar dos dias em que tudo parecia imóvel demais para mudar. Mas agora, depois de Miguel, depois de tantas conversas, tantos silêncios partilhados, era como se a imobilidade tivesse dado lugar a uma espécie de espera, como se o tempo respirasse junto com a gente, abrindo espaço para o que estava por vir.
Ainda era cedo quando escutei passos firmes no alpendre. Não precisei olhar para saber que era ele.
— Não sabia que você também era do time dos insones — ele disse, parando ao meu lado com uma xíc