O Livro
A sala ficou vazia. As cadeiras desalinhadas. O projetor ainda com o led piscando, como se o sistema tentasse decidir se desligava por completo ou não.
O professor permaneceu sentado.
As mãos cruzadas sobre a mesa. O olhar... perdido em algum ponto entre o quadro e a janela.
Lá fora, o campus seguia sua rotina. Estudantes caminhando com mochilas, risadas ecoando ao longe, debates filosóficos de corredores acontecendo como sempre.
Mas dentro dele... não era mais como sempre.
As palavras de Judie ecoavam.
Aquelas imagens.
Aqueles diálogos.
Aquele... final.
“Às vezes, o maior código é aquele que a gente passa a vida inteira fingindo que não vê.”
Ele passou a mão pelo rosto. Suspirou fundo. Tentou abrir o notebook para corrigir outras teses.
Mas os olhos... teimavam em voltar para o canto da estante.
Lá, entre livros de história, sociologia, física quântica e filosofia ateísta, estava um volume encardido.
Velho.
Empoeirado.
Nunca tocado desde que herdara da mãe.
A Bíblia Sagrada.