Capítulo 82 Entre o amor e o sacrifício.
Lua
A madrugada parecia suspensa no tempo.
Nenhum som além do tique-taque do relógio e do bater lento do meu coração.
Do lado de fora, a cidade dormia — e dentro de mim, o mundo inteiro desabava em silêncio.
Amber estava no quarto de hóspedes, sedada.
Eduardo, exausto, finalmente tinha adormecido no sofá, ainda de sapatos, o corpo curvado como se o peso de tudo o que carrega tivesse decidido descansar junto com ele.
Sol dormia agarrada à minha blusa, o rosto sereno, alheia à tragédia que a cercava.
Passei a mão nos cabelos dela.
Tão pequena, tão pura.
E o que me cortava era saber que, a poucos quilômetros dali, Alyce, a amiga de risada contagiante, podia estar lutando pra respirar.
Sozinha.
Com medo.
Senti o bebê se mexer.
Um chute fraco, quase um sussurro de dentro de mim.
“Eu sei”, pensei. “Você também sente.”
Levantei devagar, tentando não acordar Sol.
A cobri com o lençol azul que ela mesma escolheu — o das estrelinhas — e fiquei observando por um instante aquele pequeno universo