Capítulo 42, Talvez fosse possível me reconstruir.
(Eduardo)
Eu achei que Thiago estava jogando sujo, como sempre. Que aquela revelação era apenas mais uma de suas crueldades, como tantas outras, uma maneira covarde de me destruir. Mas não… dessa vez ele havia falado a verdade.
A dúvida me corroía por dentro, como uma faca enterrada que não cicatriza. E, mesmo sem querer acreditar, precisei ir atrás da confirmação. Não podia viver com essa sombra sobre mim.
Foi assim que procurei os pais de Beatriz. Precisava ouvir deles, cara a cara, aquilo que já vinha destruindo o pouco que restava da minha paz.
Dona Clarisse me recebeu com os olhos baixos, as mãos trêmulas. Mal conseguia sustentar o olhar. Já o senhor Álvaro respirou fundo, como quem carrega um fardo pesado demais, e por fim disse:
— Eduardo… nós sabíamos. — A voz dele quebrou, mas não parou. — Sabíamos do envolvimento da Beatriz com o Thiago. Tentamos impedi-la, falamos, brigamos… mas ela era teimosa demais. Não tínhamos coragem de lhe contar.
Senti o mundo desabar debaixo de mim