Capítulo 34, Odiava a mim mesmo.
(Eduardo)
Odiava a mim mesmo.
Cada vez que fechava os olhos, a cena da noite anterior voltava com força avassaladora, como se minha mente tivesse prazer em me torturar. A lembrança vinha em detalhes: os lábios dela se moldando aos meus, macios e ardentes, o calor do corpo se entregando sem resistência, como se eu fosse um porto seguro. Como se eu tivesse o poder de protegê-la do mundo.
Mas eu não era porto seguro. Nunca fui. E saber disso me incendiava e, ao mesmo tempo, me dilacerava.
Passei anos jurando que não permitiria que nenhuma mulher atravessasse as muralhas que ergui ao redor de mim. A dor me ensinou a ser impenetrável. Beatriz tinha sido a minha exceção — e a minha ruína. Ela era a âncora que me mantinha preso ao passado, o peso da culpa que eu carregava a cada passo. Jurei que viveria em nome dessa memória, sem deixar que outra presença ocupasse o espaço que lhe pertencia.
E, ainda assim, bastou uma única noite com Lua para que tudo desmoronasse.
Traí minha promessa. Traí