Capítulo 18, Não aguento mais.
(Lua Carvalho)
Eu nunca me senti tão exposta em toda a minha vida.
No dia seguinte àquela cena patética no escritório de Eduardo, quando ele teve a audácia de dizer — em alto e bom som — que eu era sua namorada, a empresa inteira parecia ter acordado com um novo passatempo: fofocar sobre mim.
Cada corredor que eu cruzava, cada elevador em que entrava, era a mesma coisa: olhares atravessados, cochichos abafados, risadinhas disfarçadas. Eu conseguia ouvir trechos das conversas como facadas:
— Você viu? A nova secretária do Galvão já fisgou o chefe…
— Claro, né? Jovem, bonita… e com uma filha, dizem. Ela deve estar desesperada.
— Pensa bem: ele, milionário; ela, mãe solteira. Parece até novela.
Meus punhos cerravam, a respiração falhava. Eu queria gritar para todos que era mentira, que eu nunca aceitei nada, que Eduardo inventou aquilo sem sequer me consultar. Mas como? Ele era o dono da empresa. O poderoso. E eu? Apenas uma funcionária desesperada por um salário para cuidar da filha.
Na