Lua Carvalho
Eu não conseguia mais dormir.
Todas as vezes que fechava os olhos, o beijo voltava. Não importava o quanto eu tentasse afastar a lembrança, ele surgia como uma sombra teimosa. O calor da boca dele contra a minha, a pressão firme, a intensidade quase brutal. Aquilo não tinha sido um simples beijo. Tinha sido um choque, um raio que atravessou meu corpo inteiro e deixou tudo fora do lugar.
E eu odiava isso.
Odiava o fato de que, em algum momento, minhas mãos pararam de empurrá-lo e passaram a agarrar sua camisa. Odiava lembrar da forma como meu coração disparou, não de medo, mas de uma vontade absurda de me perder naquele contato.
Eu deveria sentir apenas raiva. Raiva pela proposta absurda de casamento por contrato, raiva por ele achar que poderia me comprar, raiva por me puxar à força e tomar de mim algo tão íntimo.
Mas havia outra coisa. Algo que eu não queria nomear. Algo que latejava no fundo do meu peito, me confundindo, me deixando vulnerável.
Na manhã em que pedi dem