Capítulo 110 Primeiro dia do julgamento.

Visão de Eduardo

O avião pousou no Rio de janeiro, depois das sete da manhã.

O céu estava coberto de nuvens pesadas, como se até ele soubesse o que me esperava naquele dia.

Quando as rodas tocaram o solo, senti um frio estranho percorrer meu corpo.

Era como se o Brasil inteiro tivesse um cheiro que eu conhecia — um misto de saudade e lembrança amarga.

Matthew, sempre pontual, já me esperava na saída do aeroporto.

Atrás dele, o advogado da minha família, o Dr. Roberto Brandão, um homem de terno cinza e expressão impenetrável, me estendeu a mão com firmeza.

— Eduardo — disse, em tom grave —, o tribunal está preparado. Os réus já foram conduzidos. Hoje será o primeiro dia de audiência.

Assenti, respirando fundo.

— Vamos acabar com isso.

O carro preto cortava o trânsito caótico enquanto eu olhava pela janela. Cada esquina parecia carregar memórias que eu queria esquecer — o apartamento onde vivi antes de Lua, os jornais que noticiaram o sequestro, os rostos curiosos de estranhos.

O Brasil
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