Capítulo 102, A estrelinha que aprendeu a brilhar.
(Visão de Lua)
Os primeiros dias no hospital foram uma mistura de amor e medo.
Eu olhava para minha bebê — tão pequena, tão frágil — e ainda me parecia impossível acreditar que aquele ser minúsculo tinha resistido a tudo. Cada suspiro dela era uma vitória. Cada movimento, um lembrete silencioso de que a vida é mais teimosa do que imaginamos.
Ester Victoria.
Meu coração se enchia toda vez que pronunciava o nome.
A estrelinha da nossa família.
A rotina no hospital era lenta, feita de minutos longos, barulhos de monitores e cheiros de álcool. Mas eu já conhecia cada som, cada alerta, cada respiração dela. As enfermeiras vinham com cuidado, sempre com aquele olhar de carinho misturado com técnica — e todas, sem exceção, se encantavam com o jeitinho dela, com as mãozinhas que se mexiam como se quisessem segurar o mundo.
Eduardo era meu porto seguro.
Mesmo exausto, ele vinha todos os dias, passava horas sentado ao meu lado, observando a nossa filha com a mesma expressão de quem olha para um