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Capítulo 5: A Dança dos Sentimentos e Segredos Ocultos

A proposta de Ethan pairou no ar entre eles, carregada de um significado que ia além do financeiro. Para Mary, era uma demonstração inesperada de confiança e cuidado, um gesto que aquecia seu coração e confundia ainda mais seus sentimentos.

"Eu... eu preciso pensar," Mary respondeu, a voz embargada pela emoção. A ideia de aceitar a ajuda de Ethan era tentadora, mas também a deixava desconfortável. Ela sempre prezara sua independência, e a ideia de se tornar ainda mais dependente dele a perturbava.

"Claro," Ethan disse gentilmente, sem insistir. "Não há pressa."

Nos dias que se seguiram, Mary debateu-se internamente. Por um lado, o investimento de Ethan poderia salvar a floricultura, permitir que ela honrasse a memória de sua avó e reconstruísse seu futuro. Por outro lado, aceitar sua ajuda criaria um laço ainda mais forte entre eles, complicando ainda mais a natureza já complexa de seu relacionamento.

Ela se pegava pensando em Ethan constantemente, em seus sorrisos raros, em seus momentos de vulnerabilidade, na gentileza inesperada que ele lhe demonstrava. A atração inicial havia se transformado em algo mais profundo, um misto de carinho, admiração e até mesmo... amor? A ideia a assustava e a encantava ao mesmo tempo.

Enquanto Mary lutava com seus sentimentos, a vida social do casal continuava. Eles compareciam a eventos, jantares e galas, mantendo a fachada de um casal apaixonado para o mundo exterior. Nessas ocasiões, Mary percebia os olhares curiosos e as sussurrâncias discretas sobre seu relacionamento "repentino" com o bilionário recluso.

Em um desses eventos, Mary reencontrou Sofia. Sua amiga a observou com um olhar perspicaz, um sorriso enigmático nos lábios.

"Você parece... diferente, Mary," Sofia comentou enquanto se afastavam da multidão para um canto mais tranquilo. "Mais... radiante."

Mary sentiu as bochechas corarem. "Estou apenas... bem."

"Bem o suficiente para se casar com um dos homens mais ricos e cobiçados da cidade?" Sofia perguntou, arqueando uma sobrancelha com um tom divertido. "Como aconteceu essa história toda? Você sempre foi tão reservada sobre sua vida amorosa."

Mary hesitou, lembrando-se da narrativa fabricada que ela e Ethan haviam concordado em apresentar. "Foi... rápido. Nos conhecemos por acaso e... simplesmente aconteceu."

Sofia a observou por um momento, como se tentasse ler seus pensamentos. "Espero que você esteja feliz, Mary. Ele parece... intenso."

"Ele é... complicado," Mary admitiu, deixando escapar uma verdade velada.

"Complicado e incrivelmente charmoso," Sofia acrescentou com um sorriso malicioso. "Tenha cuidado, amiga. O mundo deles pode ser sedutor, mas também implacável."

O aviso de Sofia ficou na mente de Mary. Ela sabia que estava entrando em um mundo desconhecido e perigoso, onde as aparências muitas vezes enganavam e os segredos se escondiam sob camadas de riqueza e poder.

De volta à mansão, Mary encontrou Ethan esperando por ela na biblioteca. Ele estava sentado em sua poltrona favorita, a luz da lareira dançando em seu rosto pensativo.

"Como foi o evento?" ele perguntou, fechando o livro que estava lendo.

"Bem. Encontrei uma velha amiga," Mary respondeu, sentando-se na poltrona em frente à dele.

"Ela pareceu surpresa," Ethan comentou, observando a expressão de Mary.

"Ela estava curiosa," Mary admitiu. "É difícil para as pessoas entenderem como tudo aconteceu tão rápido."

Houve um silêncio breve. Ethan parecia ponderar suas palavras.

"Há muitas coisas sobre mim que as pessoas não entendem," ele disse finalmente, a voz baixa. "E talvez seja melhor assim."

Havia uma tristeza implícita em suas palavras, uma sugestão de segredos ocultos que Mary não conseguia decifrar. Ela sentiu um impulso de perguntar, de descobrir mais sobre o homem por trás da fachada, mas hesitou, temendo ultrapassar um limite.

Naquela noite, Mary teve um sonho estranho. Ela estava perdida no jardim secreto, mas as flores estavam murchas e escuras, e a fonte murmurava palavras ininteligíveis. Uma sombra escura espreitava entre as árvores, e ela sentia uma sensação crescente de perigo iminente.

Ao acordar, o sol da manhã entrava pela janela, dissipando as sombras do sonho. Mas a sensação de inquietude persistia. Ela não conseguia afastar a sensação de que havia algo mais por trás da vida de Ethan, segredos que ele guardava a sete chaves e que poderiam ameaçar a frágil conexão que estavam construindo.

Decidida a clarear seus pensamentos, Mary aceitou a proposta de Ethan sobre o investimento na floricultura. Ela sabia que era um risco, que estava se permitindo depender dele de uma forma que nunca imaginou. Mas a esperança de salvar o trabalho de sua avó e a crescente proximidade com Ethan a impulsionaram a aceitar.

Ethan ficou visivelmente satisfeito com sua decisão. Ele providenciou os documentos rapidamente, e em poucos dias, a floricultura de Mary recebeu um aporte financeiro significativo. Ela se sentiu aliviada e grata, mas também ciente da nova dinâmica de poder em seu relacionamento.

Com o dinheiro, Mary pôde quitar as dívidas, reformar a loja e até mesmo contratar mais funcionários. A floricultura começou a prosperar novamente, enchendo a vida de Mary com um propósito renovado.

Em meio à alegria do sucesso da floricultura, Mary e Ethan continuaram a se aproximar. Eles compartilhavam mais confidências, revelando pedaços de seus passados e seus medos. Mary descobriu que a reclusão de Ethan era, em parte, resultado de uma tragédia familiar que o havia marcado profundamente. Ele raramente falava sobre isso, mas nos momentos de vulnerabilidade, Mary percebia a dor que ainda o assombrava.

Uma noite, enquanto estavam na biblioteca, uma tempestade começou a trovejar lá fora. A luz vacilava e o vento uivava, criando uma atmosfera íntima e acolhedora dentro da sala. Ethan estava sentado perto da lareira, e Mary estava lendo em um sofá próximo.

De repente, um trovão particularmente alto sacudiu a casa, e Mary sobressaltou-se. Ethan imediatamente largou o livro e se aproximou dela, sentando-se ao seu lado.

"Está tudo bem?" ele perguntou, a voz preocupada.

"Sim, apenas... me assustei," Mary respondeu, sentindo o coração ainda acelerado.

Ethan hesitou por um momento, antes de pegar sua mão. Seus dedos eram longos e quentes, e o toque enviou um arrepio percorrendo o corpo de Mary.

"Eu também não gosto de tempestades," ele confessou em um sussurro, o olhar fixo em suas mãos unidas. "Elas me lembram..." Ele parou, como se as palavras fossem difíceis de pronunciar.

Mary apertou sua mão em um gesto de conforto silencioso. Ela não precisava saber os detalhes para sentir a dor em sua voz.

Naquela noite tempestuosa, na quietude da biblioteca iluminada pela lareira, a barreira final entre Mary e Ethan pareceu se romper. Eles se aproximaram não apenas como um casal de fachada, mas como duas almas encontrando consolo e compreensão na companhia um do outro.

O contrato que os unira de forma tão fria e transacional estava agora se tornando o palco de uma dança complexa de sentimentos inesperados, onde o amor e os segredos se entrelaçavam de maneiras que nenhum dos dois poderia ter previsto. E enquanto a data final do contrato se aproximava silenciosamente, o futuro de Mary e Ethan permanecia tão incerto quanto os raios que iluminavam brevemente a noite escura lá fora.

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