Laís
A ata apareceu no mural da recepção antes mesmo do sol firmar no pátio. Papel timbrado, assinatura da diretoria, meu nome no meio, inteiro, sem parênteses de “estagiária”. Fiquei parada alguns segundos, só respirando. A tinta ainda parecia fresca. Eduardo surgiu atrás de mim, o queixo no meu ombro, o sorriso que sempre me encontra primeiro.
— Oficial. — ele sussurrou, como quem sela um pacto.
As redes sociais da ONG republicaram a foto da ata com um texto simples: “Reconhecer quem sustenta.” Em minutos, começaram as reações. Muitos parabéns, emojis verdes, relatos de mães e professores. Mas também vieram as insinuações: “Bem no meio da polêmica?”, “Será que não tem apadrinhamento?” Eu lia tentando não sorver o veneno. Nanda, ao meu lado, repetia o mantra: — Comentário não é bússola. Entrega é.
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A rádio comunitária ligou pedindo uma fala curta. Fui até o estúdio com Rafaela. Do outro lado do vidro, o locutor anunciou: “A ONG efetiva a psicóloga que tem conduzido rodas com os ad