Laís
Na manhã seguinte ao círculo, a praça ainda parecia ecoar no corpo. Não eram só as palmas ou os abraços, mas a sensação de que a cidade havia se reconhecido em nós. Quando cheguei à ONG, a sala estava lotada: professores trazendo convites, líderes de bairro pedindo reuniões, artistas oferecendo oficinas. O corredor cheirava a café e papel recém-impresso, e a energia era quase caótica.
Lucas equilibrava uma pilha de pastas, Rafaela digitava sem parar numa planilha, e Gabriela, rindo alto, comentou: — Nunca pensei que íamos implorar por calma! Antes era silêncio demais, agora é barulho de sobra. — Os olhos dela brilhavam de alegria cansada.
Eu mal consegui entrar sem ser chamada por três pessoas diferentes. Uma mãe queria que o filho participasse das rodas de conversa, um professor pedia ajuda para criar um projeto ambiental na escola, e um grupo de jovens sugeria oficina de rap sobre meio ambiente. De repente, eu não era mais “a estagiária simpática”, mas alguém que precisaria