O carro seguia pela estrada de terra em silêncio, como se cada grão de
poeira levantado pelos pneus guardasse o peso da noite. O som dos grilos
do lado de fora preenchia o espaço entre eles, enquanto a lua cheia
iluminava a paisagem rural com um brilho prateado. Eduardo dirigia com
as mãos firmes no volante e os olhos fixos na frente, mas Laís sentia
que havia uma conversa não dita flutuando entre eles — como se os dois
tivessem escolhido, de propósito, não comentar o que havia acabado de
acontecer.
Encostada no vidro, ela tentava acalmar o coração. O corpo ainda
lembrava da dança, do jeito como ele a segurou firme diante da presença
de Felipe, oferecendo segurança quando ela mais precisava. Esse toque
parecia não ter ficado apenas na pele: reverberava, ocupando cada canto
do pensamento.
— Você quer ouvir alguma coisa? — Eduardo perguntou, rompendo a barreira
do silêncio. — Tenho uma playlist velha aqui… meio aleatória, mas é bem
a nossa cara.
Ela sorriu de lado, surpre