Laís
Ela ainda sentia os dedos dele na cintura, mesmo depois da música acabar. O toque de Eduardo era quente, firme, mas não invasivo. Era o tipo de toque que dizia “eu estou aqui”, e isso bastava para desestabilizá-la por dentro.
Eles estavam parados um de frente para o outro, ainda sem conseguir sair da roda da quadrilha, quando o barulho do mundo voltou — risadas, passos, crianças gritando por algodão-doce. Mas entre eles, havia um silêncio denso, cheio de palavras não ditas.
— A gente devia conversar. — Eduardo disse, finalmente, a voz mais baixa que o som da sanfona.
Laís assentiu. Queria isso. Precisava disso. Mas antes que conseguisse responder, uma voz familiar e indesejada surgiu atrás dela.
— Laís?
O nome dito assim, em voz alta, a fez virar com um arrepio na espinha.
Felipe.
— Que surpresa te ver aqui… — ele disse, com um sorriso meio torto, meio forçado. Estava igual: jeans apertado demais, camisa social aberta até o terceiro botão e aquele jeito convencido de quem acha qu