Laís
O dia amanheceu como quem pede trégua. A cortina deixava passar uma luz morna, e o quarto tinha cheiro de café que ficou da noite anterior e do nosso corpo ainda quente. Abri os olhos devagar e encontrei Eduardo me olhando, deitado de lado, o braço dobrado de travesseiro, aquele meio sorriso que ele só usa quando esquece do mundo.
— Bom dia, raiz. — murmurou.
Ri, preguiçosa, e puxei sua mão para o meu rosto. O toque dele acalmava a pele e acendia outra coisa por dentro. A cidade lá fora ainda podia estar em guerra, mas ali havia um território secreto onde o barulho não entrava. Ele beijou minha testa, depois a ponta do nariz, e quando encostou a boca na minha, o resto do corpo lembrou que tinha sede.
A manhã se alongou numa dança lenta. Não havia pressa, só atenção. As mãos dele mapeavam meus ombros, minha nuca, minhas costas, como quem reconhece um lugar que ama voltar. Os beijos começaram leves, brincando com a risada que escapava entre um e outro, e foram ficando mais densos,