Laís
A segunda-feira tinha gosto de café forte e pressa. O despertador tocou cedo, o lençol ainda morno do fim de semana, e a casa pediu nossa atenção com pequenas urgências: uma lâmpada piscando, uma gaveta que emperrava, a planta do quintal precisando de água. Eu respirei fundo, anotei mentalmente metade das tarefas e vesti a roupa do estágio. Eduardo apareceu na porta do quarto com a gravata torta e um sorriso cansado.
— Se eu disser que já tô com saudade, conta como café? — perguntou.
— Conta como beijo. — respondi, ajeitando a gravata e roubando um abraço.
Na ONG, encontrei uma fila de relatórios na minha mesa, como se tivessem se multiplicado na nossa ausência. Nanda, firme e direta, me deu as boas-vindas com um aperto de mão sincero.
— Que bom ter você de volta, Laís. A semana é puxada, mas a gente atravessa. — disse, colocando uma pasta grossa à minha frente. — Aqui estão os acompanhamentos do último ciclo de oficinas. E, por favor, não se culpe por não ter feito tudo ontem.
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