Laís
O sábado amanheceu com cheiro de grama molhada e som de caixas sendo descarregadas no quintal da ONG. O espaço se transformava em palco: bandeirinhas discretas, mesas alinhadas, um telão improvisado no fundo. Eu tentava sorrir para os voluntários, mas por dentro meu estômago revirava. Era dia de festa da ONG — e eu tinha de falar diante de toda a cidade.
Gabriela me cutucou, entregando um copo de suco.
— Três minutos, lembra? Não é vestibular. — Ela riu.
Rafaela completou: — E se errar, a gente dança em volta até o povo esquecer.
Eu ri sem querer, mas a ansiedade não largava.
Nanda apareceu com sua prancheta.
— Respira, Laís. O microfone é só um objeto. Quem importa é quem segura. — Ela piscou, prática.
O jeito dela era de aço, mas também de cuidado.
***
Eduardo
Passei a manhã montando o banner ao lado do palco com Lucas. Ele carregava pincéis como quem carrega tesouro.
— Se o vento bater, segura esse canto. — falei.
— Se o vento bater, eu viro bandeira. — ele brincou.
So