Laís
A madrugada parecia maior do que qualquer praça cheia de aplausos. O silêncio do quarto pesava mais do que o barulho da festa do dia anterior. Eu me virava na cama, inquieta, o coração ainda acelerado. Peguei o caderno da mesa de cabeceira e, na penumbra, rabisquei frases soltas:
“E se nada disso durar?”
“E se ele cansar de mim?”
“E se eu não for tão forte quanto pareço?”
As palavras pareciam gritar de volta. Suspirei e fechei os olhos, mas não havia descanso. O eco da mensagem de Clara e o fantasma de Felipe vinham junto, como sombras que não pediam licença.
O celular vibrou. Era uma mensagem de voz curta da Rafaela, enviada tarde da noite, com aquele tom de amiga que nunca perde o humor:
— Ei, estrela, só pra lembrar que brilho não apaga por insegurança. Dorme, porque amanhã o sol nasce, mesmo se você duvidar. E se não dormir, me chama que eu invento fofoca nova só pra te distrair. —
Sorri sozinha, entre lágrimas. Ainda assim, a ansiedade não largava.
***
Eduardo
Enquanto