Laís
Eu prometi silêncio ao sábado, mas às cinco e quatorze o celular vibrou. A mensagem piscou na tela com o apelido que só ele usa pra mim: “vem ver o dia nascer? Café incluso. Ponto de sempre”. Sorri de um jeito que acorda o corpo. O “ponto de sempre” é a trilha da nascente que a gente ajudou a desentupir, onde o mato já abraça outra vez a água que volta, e a água responde com o barulhinho de vida. Vesti moletom, prendi o cabelo no coque torto que ele adora e saí pisando o frio das pedras da rua.
Eduardo me esperava na entrada da trilha com uma mochila e um sorriso que eu reconheço: o sorriso do homem que já tomou uma decisão boa. Não precisou falar. Deu a mão. Entramos na mata com o cheiro de capim molhado e de dia novo. A clareira abriu mansa, e a nascente estava num espelho de prata; o céu, de laranja diluído. Ele estendeu um pano xadrez no chão, tirou de dentro da mochila duas canecas de metal, pão de queijo com bilhete do Breno (“combustível pro sim”), um potinho de canela e