Laís
Depois do “sim”, até a fila da lotérica parecia música de fundo. A palavra “casa”, gravada por dentro do anel, sussurrava nas coisas comuns: a chaleira que apita, a sombra da jabuticabeira, o varal da Dona Tereza. Mas junto com a leveza, chegou uma pasta nova na minha mesa: “Casamento”. Abri. Uma folha em branco virou lista. Em uma hora, a lista virou mapa.
Rafaela foi a primeira a ocupar a cadeira ao lado, caneta em punho, olhos faiscando.
— Tema? — perguntou, como quem escolhe esmalte.
— Não quero tema — respondi. — Quero a gente: quintal, flor do campo, luz pendurada, café com canela.
— Então o tema é “nós” — decretou. — Com flores e canela.
Gabriela chegou com um caderno sem pauta, uma calculadora e um elástico nos dentes.
— Logística, orçamento e vento — disse, sentando. — Vento pra secar lágrima e carregar cheiro de bolo. Eu cuido das planilhas.
Eu suspirei, grata. Amigas assim viram trilho quando a gente quer ser trem.
***
Eduardo
Passei no ourives para ajustar o meu ane