O sol da manhã atravessava as frestas da janela com uma preguiça confortável. Na pequena cozinha de Dona Tereza, o cheiro de pão caseiro e café recém-passado preenchia o ambiente, trazendo um senso de acolhimento que só o interior sabia oferecer. Laís mexia o leite na caneca distraída, ainda sentindo nos lábios o gosto do beijo da noite anterior.
— Dormiu bem? — perguntou Dona Tereza, colocando mais uma fornada no forno.
— Dormi — respondeu Laís, com um sorriso que se recusava a sair do rosto.
— Sei... — Dona Tereza estreitou os olhos. — E esse “dormi” com sorriso bobo é de quem não dormiu sozinha.
Laís riu, cobrindo o rosto com as mãos. — Não é isso, Tereza! Quer dizer... mais ou menos.
— Não precisa se explicar pra mim, minha filha. Só não deixa de ser feliz porque tem medo, viu? Às vezes a gente só precisa dar o passo que falta.
Laís assentiu, com o coração levemente apertado. Tinha medo, sim. Mas também sentia uma vontade imensa de se jogar. Eduardo não era um acaso. Era qu