A casa estava silenciosa.
O tipo de silêncio que não incomoda — aquele que embala, que cobre os ombros como um cobertor quente depois de um dia cheio. Lá fora, a noite soprava um vento calmo, e dentro, o mundo parecia reduzido ao espaço sagrado entre dois corpos que se amavam no compasso da respiração.
Anyellen estava sentada no sofá, os pés descalços apoiados sobre a mesinha baixa, uma xícara de chá esquecida entre as mãos. A barriga, já avançada, se movia de leve — como se o bebê dançasse em segredo ao som das emoções da mãe.
Miguel a observava da poltrona oposta, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar completamente devoto. E ali, sem pressa, sem palavras ensaiadas, ele disse o que há muito queimava em silêncio.
— É aqui que eu sempre quis estar — sua voz era baixa, mas cheia. — Invisível pro mundo. Visto por você.
Anyellen ergueu os olhos, encontrando os dele. E o que viu ali fez seu coração desacelerar e acelerar ao mesmo tempo.
Amor.
Não o amor apressado, cheio d