O relógio no pulso de Miguel marcava sete e quarenta e dois da manhã quando ele entrou na sala de reuniões privativa do nono andar. Ninguém além de Henrique, seu irmão e chefe de segurança, estava ali.
— O que descobriu?
Miguel perguntou, tirando o paletó e pendurando no encosto da cadeira, como se aquele gesto pudesse aliviar o peso que sentia nos ombros.
Henrique passou o tablet com as imagens.
— Gustavo anda frequentando o mesmo endereço três vezes por semana. Não consta como filial, nem como cliente. Já mandei cruzar com o sistema de notas fiscais.
Miguel analisou as fotos: Gustavo saindo de um prédio antigo no centro da cidade. A fachada, discreta. Mas o emblema no canto da imagem o fez fechar os olhos por um segundo.
— A ONG.
— Exatamente.
Miguel mordeu o lábio inferior, o maxilar pulsando com a tensão.
— Ele está usando a doação como rota de lavagem?
— Possivelmente. Mas tem mais. Os recibos da doação devolvida… não voltaram para a conta original. Foram para uma empresa de fac