O quarto estava em penumbra.
As cortinas filtravam a luz do sol, transformando-a em um abraço morno sobre os móveis claros. O ar tinha cheiro de lavanda e calma. Na parede, um quadro com pinceladas suaves pintava um horizonte — como se anunciasse: algo está chegando. E vem sereno. Miguel segurava a mão de Anyellen como quem segura o próprio coração. E, talvez, fosse exatamente isso. Porque ali, entre suspiros contidos e lágrimas represadas, ele estava à beira de viver, de novo, o milagre mais arrebatador da vida: ver um amor nascer do amor. Anyellen respirava profundamente. Suava. Mas sorria. Não com euforia. Com fé. Ela não estava mais sozinha. Nunca mais esteve, desde que ele aprendeu a ser inteiro ao lado dela. Dessa vez, ela não tinha medo. Ela tinha história. Tinha lar.