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Capítulo 6 – O Jantar de Máscaras

O pôr do sol tingia o mar de dourado quando Isadora encarou o vestido vermelho sobre a cama.

Ainda estava lá. Intocado. Como um lembrete silencioso de quem realmente estava no controle.

Ela havia passado o dia inteiro ignorando aquela peça, preferindo calças largas e camisas fechadas, como uma armadura. Mas agora, prestes a sair para o jantar com o editor da principal revista de negócios da Europa, ela soube. Não havia escolha.

Entrou no banheiro, trancou a porta e tirou lentamente a roupa. Cada peça que deixava no chão parecia um pedaço de sua resistência.

Vestiu o vermelho. A seda escorria pelo corpo como provocação. Sem sutiã. Sem forro. A pele parecia queimar sob o toque do tecido.

Prendeu os cabelos em um coque firme, como se o penteado pudesse manter o autocontrole. Saltos pretos. Maquiagem precisa. E por fim, o perfume discreto, só nas clavículas.

Ao sair do quarto, Lorenzo estava à sua espera.

Ele trajava um terno negro impecável, a camisa entreaberta no colarinho, e um relógio que valia mais que muitos apartamentos. Ao vê-la, o olhar percorreu cada linha de seu corpo com lentidão. Mas não houve um comentário vulgar, nem um elogio direto.

Apenas um sussurro.

— Escolha certa.

— Escolha forçada. — ela respondeu, erguendo o queixo.

Ele se aproximou até que os dedos tocassem a pulseira fina em seu pulso.

— Ninguém força uma mulher como você, Isadora. No máximo… provoca.

Ela segurou o olhar dele com força.

— Você está testando limites.

— E você está descobrindo os seus.

O motorista aguardava na porta. Eles seguiram para o restaurante no terraço do hotel, reservado apenas para convidados da revista. Um jantar formal, mas com clima de celebração: o casal Salvatori era a manchete da edição especial de poder e influência.

O salão estava decorado com velas altas, flores brancas e talheres reluzentes. A imprensa estava proibida de entrar, mas havia fotógrafos autorizados. Tudo precisava parecer espontâneo, íntimo… e perfeitamente falso.

Durante o jantar, Lorenzo não poupou elogios públicos à parceira de contrato. E o mais irritante era o quanto ele parecia acreditar em cada palavra.

— Isadora é uma estrategista rara. — disse, ao erguer a taça — Inteligente, meticulosa e, acima de tudo, letalmente elegante. A fusão entre as empresas só foi possível porque ela soube onde cortar e onde costurar.

— Ousada e refinada. Uma combinação rara. — disse o editor, sorrindo para ela — Vocês dois parecem feitos sob medida.

Isadora manteve a compostura. Sorriu com precisão. Brindou. Mas a cada elogio, sentia o toque invisível de Lorenzo enredando sua mente. Era como se ele a manipulasse em público… com palavras doces, sem sequer tocar sua pele. E aquilo a desconcertava mais do que um beijo.

Após o jantar, enquanto se despedia dos convidados, Isadora caminhou para o elevador antes de Lorenzo. Queria um instante a sós. Respirar. Desarmar.

Mas o elevador se abriu… e ele entrou junto. Portas fechadas. Silêncio. Apenas os dois. Ela se encostou na parede espelhada, braços cruzados.

— Você está se divertindo com tudo isso, não está?

— Não! Eu estou trabalhando. — disse ele, andando lentamente até ela — Nosso contrato é uma performance. E você é a melhor cena da noite.

— Isso não é atuação pra você, Lorenzo. É um jogo de poder.

— E você prefere perder o jogo… ou o controle?

Ele estava próximo agora. O bastante para que ela sentisse o calor do corpo dele. Mas ele não tocava. Não avançava. Apenas ocupava espaço.

— Você quer que eu ceda. — ela sussurrou — Mas vai se frustrar. Não sou do tipo que quebra.

Ele baixou o olhar para os lábios dela. Depois voltou aos olhos.

— Eu não quero que você quebre. Quero que você escolha.

Ela engoliu seco. O coração disparava, mas seu rosto permanecia sereno.

— Nunca vou te escolher, Lorenzo.

Ele se aproximou mais um passo. A respiração dos dois agora se encontrava no ar entre eles.

— Que bom… — murmurou ele, com um meio sorriso nos lábios — …porque quando escolher, vai ser por desejo. Não por contrato.

O elevador parou. As portas se abriram. E ele saiu antes dela.

Deixando o espaço vazio. E o perfume dele… gravado na memória da pele.

O corredor até a suíte presidencial parecia mais longo do que deveria. Isadora caminhava com os saltos ecoando no piso de mármore, as mãos frias e o coração inquieto. Cada palavra dita por Lorenzo no jantar ainda ecoava em sua mente, como um eco incômodo e ao mesmo tempo magnético.

Ao entrar na suíte, encontrou a luz baixa, a cama arrumada com perfeição e uma garrafa de vinho tinto sobre a mesa de centro. Tudo milimetricamente calculado para parecer casual. Sabia que era obra dele. Lorenzo não deixava nada ao acaso.

Ela retirou os sapatos e se dirigiu até a varanda. O vento da noite beijou sua pele quente. Precisava de ar. Precisava lembrar a si mesma que estava ali por estratégia, por sobrevivência profissional. Não por ele.

Mas era mentira. Uma meia mentira.

A porta do banheiro se abriu. Lorenzo saiu com a camisa parcialmente aberta, as mangas dobradas e os cabelos ainda úmidos. Ele se deteve por um segundo ao vê-la na varanda, como se quisesse gravar aquela imagem.

— O jantar foi um sucesso. — Ele falou baixo, mas sua voz era tão envolvente quanto o vinho esperando na taça.

— Tudo friamente planejado. — Isadora respondeu, sem se virar.

— Claro. Eu nunca entro em um campo de batalha sem conhecer o terreno.

Ela se virou, finalmente o encarando.

— E o que você quer conquistar agora, Lorenzo? Mais uma capa de revista? Mais uma empresária enredada pelo seu carisma?

Ele sorriu de leve. Não aquele sorriso de deboche. Era outro. Um sorriso que dizia mais do que palavras.

— Quero que você veja que resistir a mim é perda de tempo. É uma energia que você poderia usar para muito mais... prazer.

Ela cruzou os braços.

— Eu não vim aqui para sentir prazer. Vim para proteger minha reputação. E minha empresa.

— E está fazendo isso com maestria. — Ele se aproximou mais um passo — Mas não pode impedir seu corpo de responder. Ou seus olhos de me fitar quando pensa que ninguém está olhando.

Isadora sentiu o corpo aquecer, mas manteve a postura.

— Se está esperando que eu me derreta com um olhar ou uma noite bonita, vai se decepcionar. — Ela respirou fundo — Estou aqui por um contrato. E nada mais.

Lorenzo parou a poucos centímetros dela.

— Um contrato é o início. Um pretexto. Mas até você sabe que, entre nós, existe mais. Existe...

Ele não completou. Apenas olhou para ela como se pudesse ver através de suas defesas. Depois deu um passo para trás, recuando, respeitando uma linha invisível.

— Boa noite, Isadora.

E se dirigiu para o outro lado da suíte, onde a divisória deslizante criava uma separação simbólica entre os dois.

Isadora permaneceu ali, estática, por longos minutos. O vestido ainda colava na pele. O vento da varanda não bastava para esfriar a chama que ele havia acendido, mesmo sem encostar nela.

Ela sabia: Lorenzo era perigoso. Mas o mais perigoso não era o que ele fazia. Era o que ele a fazia querer.

E naquele silêncio, entre paredes de luxo e promessas não ditas, Isadora se deu conta:

Ele não iria recuar. E talvez, no fundo, ela também não quisesse.

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