A chuva batia suave contra a janela da suíte do hospital, como se o céu também estivesse à espera. Havia meses que Isadora sentia o tempo correr, mas agora, tudo parecia desacelerar. Ou talvez fosse apenas o mundo se curvando para assistir ao que estava prestes a acontecer: o nascimento dos dois pequenos corações que haviam mudado tudo.
Lorenzo estava ao seu lado desde o início daquela madrugada. Tão calmo por fora, e ao mesmo tempo, com os olhos cheios de emoção contida. Ele segurava sua mão com força e ternura, como se pudesse transferir um pouco da paz que ela precisava.
— Eu não sei se estou pronta. — Isadora sussurrou entre as contrações, os olhos marejados.
— Você nasceu pronta, meu amor. — ele respondeu, e beijou sua testa com carinho — Você é a mulher mais forte que eu já conheci. E eu vou estar aqui o tempo todo. Até o fim. Até o começo.
As palavras dele ecoaram dentro dela como um cântico antigo, um feitiço quebrando os últimos medos. Era verdade: ela tinha sobrevivido a dor