O som abafado da chuva contra os vidros da cobertura trazia um clima de introspecção que combinava com o que Isadora sentia. A casa estava silenciosa, e mesmo assim, ela podia jurar que Lorenzo a observava de algum lugar. Desde a noite anterior, quando os corpos se buscaram com mais ternura do que raiva, algo havia mudado entre eles.
Na cozinha, ela preparava duas xícaras de café. Seu gesto era automático, mas o coração acelerava com a possibilidade de ele acordar e aparecer ali, com aquele olhar arrogante e ao mesmo tempo absurdamente penetrante.
— Bom dia, coelhinha. — A voz dele veio rouca, carregada de sono e intenção. Ela se virou, e lá estava ele, de moletom cinza e cabelos bagunçados. Parecia perigoso até de pijama.
— Café? — perguntou, tentando soar neutra. Estendeu a xícara para ele, que aceitou sem desviar os olhos.
— Aceito você inteira, se quiser se servir junto. — Ele sorriu de lado.
Isadora revirou os olhos, mas não conseguiu evitar o rubor. Ela se sentou na bancada e fi