Isadora caminhava pela casa em silêncio, os olhos vasculhando cada detalhe como se buscassem algo que a realidade ainda não entregava. Desde aquela noite em que seu corpo e sua vontade colidiram com Lorenzo, ela tentava manter os pés firmes no chão. Mas as pegadas dele estavam por toda parte.
Ela o evitou durante a manhã inteira, como quem evita um espelho. Mas o destino tinha uma forma cruel de nos empurrar para o que não podemos adiar.
Ao abrir a porta da biblioteca, deu de cara com ele.
— Achei que não fosse mais aparecer aqui. — Lorenzo disse sem levantar os olhos do livro, mas com a voz baixa e firme, como se já a esperasse.
Isadora cruzou os braços, defensivamente.
— Achei que você estivesse ocupado demais para reparar.
Ele fechou o livro com calma, os olhos verdes cravando-se nela como setas silenciosas.
— Estou ocupado demais tentando não te invadir. Mas você não ajuda quando caminha tão perto do abismo.
Ela engoliu em seco. O jeito que ele falava... sempre parecia que Lorenzo