A cobertura estava silenciosa, banhada apenas pela luz azulada da cidade que entrava pelas enormes janelas. Isadora retirou os saltos e caminhou em passos lentos pelo piso frio, o vestido ainda colado ao corpo como uma lembrança do que havia sentido naquele evento. As palavras de Lorenzo ecoavam na sua mente como um tambor calmo e constante:
— “Você pode não querer me amar, Isadora… mas já começou a me querer só pra você.”
Ela odiava admitir, mas aquilo a atingira. Como uma flecha certeira, fincada onde mais doía: no orgulho. Na fraqueza que tentava esconder.
Atrás dela, passos firmes. O perfume amadeirado de Lorenzo a envolveu segundos antes de ele falar, com aquela voz baixa e arrastada:
— Vai continuar fingindo que não sentiu ciúmes?
Isadora virou-se devagar, os olhos faiscando, mas a voz controlada:
— Eu não sinto ciúmes, Lorenzo. Já te disse que isso aqui é apenas um contrato.
Ele riu. Um riso suave, sem escárnio, mas carregado de algo mais profundo. Aproximou-se com lentidão, as