O sol atravessava as janelas de vidro, iluminava os lençóis amassados da cama king-size. Isadora acordou com os olhos ainda pesados, mas o corpo envolto por um calor conhecido. Lorenzo estava ao seu lado, de bruços, o rosto virado para ela, os cabelos bagunçados e a respiração compassada. Ela o observou por longos segundos, com o coração preso entre o conforto e o caos.
Aquela era a cama onde havia se entregado duas vezes. Onde havia sussurrado, gemido, perdido o controle. Onde Lorenzo tinha a desarmado com toques, olhares e confissões silenciosas. Mas agora, ali, deitada ao lado dele, o mundo real invadia a bolha de desejo em que ela havia se refugiado.
Com cuidado, ela se virou para pegar o celular. Três notificações de mensagem. Um número desconhecido.
— “Está feliz, Isadora? Já contou para ele o que você fez? Ou prefere que eu conte?”
Seu coração gelou. O passado que ela tanto tentou sepultar havia ressurgido como um espinho sob a pele. Seus dedos tremiam, mas ela não respondeu. A