A casa antiga parecia ainda menor naquela noite. Clara destrancou a porta com mãos trêmulas e empurrou devagar, como se precisasse pedir permissão ao passado para voltar. O som da madeira estalando sob seus pés era o mesmo de anos atrás, e o cheiro familiar da tinta descascada e dos móveis antigos invadiu suas narinas como um sussurro de infância. Ali não havia lustres de cristal, buquês alinhados ou mesas de banquete. Apenas silêncio. E era exatamente disso que ela precisava.
Ela deixou a mochila no chão da sala, respirou fundo e caminhou até o sofá. Sentou-se com as pernas encolhidas, abraçando os próprios joelhos, como fazia quando era adolescente e o mundo parecia grande demais para ser enfrentado. Só que agora ela não era mais uma menina. Era uma mulher que, horas antes, havia desmontado um casamento diante de dezenas de olhos, revelando a verdade que ela mesma só soube quando tudo já estava montado para o "felizes para sempre".
Olhou para a aliança que não estava mais em seu ded