O salão estava pronto. O aroma de lavandas preenchia o ar, misturando-se ao leve perfume de flores recém-arranjadas que cobriam as colunas de madeira clara. As luzes penduradas em fios delicados piscavam suavemente, refletindo nos espelhos que forravam discretamente as paredes. A música instrumental soava de forma suave, quase hipnótica, enquanto os convidados tomavam seus assentos, admirando o cenário romântico que parecia tirado de um conto de fadas.
Clara observava tudo da janela lateral do camarim. Estava vestida, maquiada, com o véu cuidadosamente ajeitado e as mãos trêmulas segurando o buquê de rosas brancas. A mulher refletida no espelho parecia pronta para o altar — mas por dentro, seu coração pulsava com um misto de decepção, força e um plano em curso.
— Está tudo certo lá fora — disse Julia, sua prima e madrinha, entrando no cômodo. — E você... está deslumbrante, Clara.
Ela sorriu com os lábios, mas não com os olhos.
— Obrigada, Ju. Pode me deixar sozinha por um minuto?