A manhã de terça-feira amanheceu com um leve névoa cobrindo os telhados de Valmor, como se o dia estivesse tentando se esconder da pressa cotidiana. Clara acordou antes mesmo do despertador tocar, os olhos fixos no teto branco do quarto enquanto a mente repassava cada detalhe da mensagem de Augusto na noite anterior. A ideia de um jantar mais íntimo, apenas os dois, havia aquecido seu coração e deixado suas emoções em alvoroço.
Ela levantou devagar, tomou um banho morno e preparou um café simples. Ao sentar-se à mesa da cozinha, percebeu que mal sentia o gosto da torrada. Estava absorta em pensamentos, com um sorriso contido nos lábios. Tantas coisas haviam mudado em tão pouco tempo. Augusto parecia tão diferente de tudo que ela já havia vivido. Atencioso, respeitoso, gentil... E ela, depois de tanto tempo, sentia-se viva novamente.
No trajeto até o trabalho, Clara encarou o reflexo no vidro do ônibus. Os olhos um pouco cansados, mas iluminados por uma esperança nova. O coração batia