Inicio / Romance / Comprada pelo Desejo / Capítulo 8: O Território da Pele
Capítulo 8: O Território da Pele

A porta do quarto permaneceu aberta.

Não era apenas uma porta, Helena percebeu. Era um abismo, um convite, uma sentença. Cada segundo que ela passava parada no meio da sala, com o roupão macio como uma segunda pele e o coração batendo uma marcha fúnebre contra suas costelas, era uma tortura. A escolha que Dante lhe dera era uma obra-prima de crueldade. Ele havia removido a jaula de aço da coerção e a substituído por uma teia de aranha, invisível e pegajosa, tecida com sua própria vontade confusa.

Ele lhe deu espaço. Depois de sua proposta, ele simplesmente se virou e caminhou para o deck, sentando-se em uma espreguiçadeira com um livro que pegou da estante. Ele não olhou para ela, não a pressionou. E sua paciência era a pior pressão de todas. Era a confiança calma do predador que sabe que a presa, eventualmente, se cansará de fugir e tropeçará em seus braços.

As horas da tarde se arrastaram, lentas e pesadas como o melaço. Helena tentou se ocupar. Examinou as poucas esculturas abstratas que decoravam a sala, traçando as linhas frias com os dedos, tentando se reconectar com o mundo que entendia, o mundo da forma e da textura. Mas sua mente se recusava a se acalmar. A imagem dele na praia, o beijo, a confissão dele de que ela era uma "anomalia" — tudo girava em um vórtice caótico em sua cabeça.

O ódio era simples. O ódio por um monstro arrogante que a via como uma aquisição era uma fortaleza. Mas o que ela sentia agora não era simples. Ele a vira. Não apenas seu corpo, mas sua arte, sua teimosia, sua luta. Ele a desafiara, a desvendara e, em um momento de honestidade brutal, admitira que ela o afetava. Ele havia lhe dado um vislumbre do homem por trás do CEO, e esse homem era infinitamente mais perigoso.

O almoço chegou, servido silenciosamente na mesa de centro. Entre os pratos leves de peixe grelhado e salada, havia uma pequena tigela de pitangas frescas, vermelhas e brilhantes como joias. Uma fruta que ela amava, que crescia no quintal de sua casa em Candeias. Uma fruta que ela mencionara de passagem em uma entrevista para um blog de arte local, meses atrás.

Ela olhou para ele, que comia tranquilamente no deck. Ele não disse nada, não fez nenhum gesto. Mas a mensagem era clara. Eu sei quem você é. Eu presto atenção. Aquele pequeno detalhe, aquela lembrança calculada, foi mais um golpe em sua armadura já rachada. Era um gesto de cuidado envolto em uma premissa de controle.

Enquanto o sol começava sua descida, pintando o céu e o mar com pinceladas de fogo, a agitação de Helena atingiu o auge. O bangalô, antes tão espaçoso, agora parecia encolher ao redor dela. O sofá, que fora seu bastião de desafio na noite anterior, agora parecia um monumento à sua solidão teimosa. Passar outra noite ali, ouvindo a respiração dele no outro quarto, sabendo que a cama estava vazia, seria sua própria forma de tortura. Seria uma mentira. Ela odiava a situação, odiava o poder dele, mas negar a verdade que explodira entre eles na água... isso era odiar a si mesma.

A verdade era que o beijo dele não a havia quebrado; havia despertado algo nela que estava adormecido. Um desejo tão profundo e avassalador que a assustava. Ele estava certo. Ela se escondia atrás de muralhas de pedra, tanto em sua arte quanto em sua vida. E ele, com sua força implacável, havia encontrado as rachaduras.

A decisão não veio como um raio, mas como uma maré subindo, lenta e inexorável. Quando a última faixa de luz laranja desapareceu no horizonte e a noite reivindicou o céu, Helena soube o que tinha que fazer. Não por ele. Não pelo dinheiro ou pelo acordo. Mas por si mesma. Para enfrentar a verdade de frente, fosse ela qual fosse.

Ela se levantou do sofá. Seus pés descalços não fizeram barulho no piso de madeira polida. Cada passo em direção à porta aberta do quarto era um universo de tempo. Ela não estava se rendendo a ele; estava se rendendo à verdade.

Ele estava de pé, perto da parede de vidro, observando a lua pratear a superfície escura do oceano. Ele se virou quando a sentiu se aproximar, e seu rosto, banhado pela luz suave do abajur, era uma máscara de expectativa calma. Não havia triunfo em seus olhos, nem um sorriso de "eu venci". Havia apenas uma pergunta silenciosa.

Helena parou a poucos passos dele. O roupão branco era a única barreira entre eles. Com os dedos que tremiam apenas um pouco, ela desfez o nó na cintura. O tecido pesado deslizou por seus ombros e caiu em uma poça a seus pés. Ela ficou diante dele, nua, não como uma oferenda, mas como uma declaração. Aqui estou eu. Sem mais muralhas.

Dante inspirou profundamente, um som audível na quietude do quarto. Ele caminhou até ela, seus movimentos eram de uma reverência contida. Ele não a tocou imediatamente. Primeiro, ele a olhou. Seus olhos percorreram seu corpo, não como quem avalia uma propriedade, mas como quem memoriza cada linha, cada curva de uma obra de arte sagrada.

Então, suas mãos subiram e tocaram seu rosto, os polegares traçando suavemente suas maçãs do rosto. O toque era incrivelmente gentil, uma contradição tão profunda com o homem que ela pensava conhecer que lágrimas brotaram em seus olhos. — Helena... — sussurrou ele, o nome dela uma promessa.

E então ele a beijou. O beijo não tinha a fúria daquele na praia. Era lento, profundo, uma exploração terna que falava de anseio, não de conquista. Era um beijo que fazia perguntas e esperava por respostas. Ela respondeu, abrindo-se para ele, suas mãos encontrando o peito forte dele, sentindo o coração dele bater acelerado sob sua palma.

Ele a ergueu em seus braços, como se ela não pesasse nada, e a levou para a cama. Ele a deitou sobre os lençóis frescos e então se livrou de suas próprias roupas, seus olhos nunca deixando os dela. O corpo dele, banhado pelo luar, era de fato uma escultura, uma obra-prima de poder e graça.

Quando ele se deitou ao lado dela, o primeiro contato de pele com pele foi uma faísca que percorreu todo o seu corpo. Ele não a tomou. Ele a adorou. Cada beijo, cada carícia, era uma descoberta. Ele explorou seu corpo com a paciência de um artesão e a fome de um homem faminto. E Helena, para seu próprio espanto, se permitiu explorar também. Ela traçou as linhas de seus músculos, sentiu as cicatrizes fracas em suas costas, aprendeu a arquitetura de seu desejo.

A paixão que os consumiu foi diferente da explosão na praia. Foi uma queima lenta, uma fogueira que cresceu até se tornar um incêndio. Foi uma conversa de corpos, cheia de gemidos e suspiros, de movimentos que eram ao mesmo tempo dominantes e submissos. No auge, quando seus corpos se uniram em um ritmo primordial, Helena gritou o nome dele, um som de pura e absoluta libertação.

Depois, no silêncio que se seguiu, eles ficaram deitados, entrelaçados nos lençóis bagunçados. O suor esfriava em suas peles, e a única coisa que se ouvia era o som de suas respirações se acalmando e o murmúrio distante do oceano. Dante a puxou para mais perto, aninhando-a contra seu peito, seu braço possessivo ao redor dela. Ela podia sentir o batimento cardíaco dele, forte e constante, contra suas costas.

Helena fechou os olhos, uma confusão avassaladora tomando conta dela. O corpo estava saciado, relaxado de uma forma que ela não sentia há anos. Mas sua mente estava em frangalhos. Aquele homem a comprara, a encurralara, a manipulara. E, no entanto, em seus braços, naquele momento, ela se sentia... segura.

Eu odeio este homem, pensou ela, enquanto o sono a puxava para a escuridão. Então, por que, pela primeira vez em dias, eu não me sinto mais como uma prisioneira?

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP